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quinta-feira, 28 de junho de 2007

O PODER BÉLICO DA CRIATIVIDADE

Evolutivamente a única arma natural humana é a mente, e com ela é capaz de se imitar e sobrepujar quaisquer armas e defesas criadas pela natureza. O homem usando apenas de seus atributos físicos não teria vantagem alguma de sobrevivência. Usando sua mente a espécie humana aprendeu que as armas garantem não só a sua defesa, mas também poder. E com poder ele pode conseguir (quase) tudo aquilo que desejar. São inúmeras as histórias de guerra entre as mais antigas civilizações em que apenas o poder bélico decidia a guerra, às vezes as armas nem chegavam a ser usadas. Este post é dedicado à criatividade humana para criar armas, nas mais diversas culturas e situações, segue-se:

O Urumi

Também conhecido pelo termo chuttuval que significa “espada flexível,” esta arma extremamente maleável é usada numa das artes marciais mais antigas do mundo, o kalaripayatt ou vajramushti praticada na região de Kerala ao sul da Índia. Uma arte marcial que é mais divulgada como prática de condicionamento físico e mental do que uma arte de luta, mas o kalaripayatt ensina ao seu praticante o marma, ou seja 108 locais vitais do ser humano e como acerta-los com precisão. Voltando à arma, sua lâmina (ou as lâminas múltiplas, como no urumi mostrado aqui) são flexíveis o bastante para serem enroladas na mão ou armazenadas nos bolsos, tendo forte efeito surpresa. Funciona como um “chicote” porém quanto mais usada for, mais letal será. O urumi causa cortes profundos e pode ser letal quando imbuído de veneno.


O Tekko-kagi e variantes









De Vega (Street Fighter) à Wolverine (X-Men) estas garras sempre fazem sucesso. A grande idéia por trás das tekko-kagi é que elas garantem grande mobilidade no contra ataque principalmente quando estas são espadas. Por centenas
de anos, os ninjas usaram estas garras garantindo grande vantagem contra espadachins. Um instrumento leve e silencioso, que garantia um rápido e letal contra ataque a um possível golpe de espada. Os ninjas também o usavam como extensões de cordas ou correntes para ataques a distância. Os tipos mais comuns são feitos de alumínio, aço ou ferro. Mas também podem ser encontrados modelos de madeira e bambu. As origens mais remotas para esta arma levam à região de Okinawa no Japão e era muito usada por mensageiros visando proteção contra assaltantes montados, logo depois foi incorporada ao Bushido como técnica de defesa pessoal. Existem inúmeras variantes por todo o mundo.

O Kusari-gama

A grosso modo uma combinação de maça com foice. Os Kusari-gama foram armas populares entre os séculos XII a XVII, época do Japão feudal. Era uma das poucas armas a terem escolas próprias para seu ensino além de um formulário; o Kusarigama-jutsu que descrevia diversos usos e aplicações da arma. Os tradicionais guerreiros japoneses a usavam-na lançando a maça para manter os oponentes à distância em seguida golpeando com a foice no corpo-a-corpo. Tem pra vender aqui.


A Trebuchet

Uma evolução muito mais poderosa e mais exata da catapulta medieval, a trebuchet usa contrapesos para aumentar a velocidade dos objetos a serem lançados. Foi largamente usada pelas forças de cristãs e muçulmanas durante as guerras do Mediterrâneo no séc. XII. Até aí nenhuma grande novidade em relação às velhas catapultas.


Acontece que a trebuchet é também uma arma biológica medieval! Isso porque os exércitos carregavam a trebuchet com os corpos de soldados mortos em batalha e principalmente com corpos de pessoas mortas por algum tipo de praga, em alguns casos os doentes eram lançados ainda vivos contra o exército inimigo. Com isso, matava dois coelhos de uma só vez, pois, além de manter seu campo de batalhas limpo e asseado, mantinha o inimigo ocupado e sujeito às pragas. Mais detalhes aqui.


O Paris-Geschütz

As forças armadas alemãs usaram este lançador em 1918 contra a França durante a primeira guerra mundial. O paris-geschütz usava como munição centenas tambores de óleo em que eram lançados ateados com fogo além de pesos com mais de 100 kg a que eram lançados a distâncias até 120 km do local de lançamento. O nome parisiense é justamente porque Paris era sempre o alvo principal dos ataques alemães. Conta-se que os residentes da cidade simplesmente entravam em pânico com os ataques do lançador já que era extremamente silencioso e só se viam tambores chegando por todos os lados. Assim a arma acabava tendo um efeito direto com os ataques e moral mantendo a população assustada. Acredita-se que as forças armadas alemãs teriam destruído o Paris-Geschütz assim que a ofensiva aliada começou.

O Goliath

É fato que a segunda guerra mundial contribuiu fartamente para o avanço do potencial bélico de todo o mundo. Atualmente as pesquisas visam criar instrumentos de ataque à distância visando o mínimo de combates diretos e na maior distância possível. Acontece que já naquela época os nazistas tentaram algo parecido porém pouco eficaz, o Goliath. Trata-se de um pequeno tanque de guerra com ou uma mina móvel com cerca de 1,5m de comprimento e 1,0 de largura que poderia ser manipulado por controle remoto mantendo os soldados a distâncias seguras das linhas inimigas.


Foram produzidos mais de 7.500 Goliaths, mas a criação acabou por mostrar-se ineficaz já que sua velocidade não passava de 10Km/h e os soldados inimigos facilmente cortavam os fios de controle da máquina e reutilizavam sua munição.


A FP-45

Produzida pela General Motors (sim, a dos carros mesmo) a Liberator FP-45 era uma pistola manufaturada para as forças armadas americanas durante a segunda guerra mundial. O nome Liberator visava disfarçar o produto que saía da divisão de produção de lâmpadas e acessórios da fábrica da GM em Daytona, no estado de Ohio E.U.A. A GM produziu cerca de milhão de FP-45s, num prazo de apenas seis meses. Era porém uma arma “descartável” a que se podia dar apenas um ou dois tiros, e muitíssimas delas apresentavam defeitos. Este foi um dos motivos de a GM ter sido por mais de 60 anos a maior montadora do mundo, como atualmente ela só tem produzido carros...a Toyota a substituiu.

Balões-bomba Japoneses

Em meados de 1944 o Japão estava desesperado com a ofensiva americana. Já tinha efetuado três ataques, mas nenhum teve o sucesso desejado. Foi então que o Laboratório Técnico de Pesquisa do nono Exército Japonês, sob o comando do General Sueyoshi Kusaba, criaram a campanha fūsen bakudan (lit. ‘bomba levada pelo vento’). Os pesquisadores descobriram uma forte corrente de ar invernal que viajava a 9,15km de altitude e de alta velocidade a Jet Stream, tendo assim uma ótima ocasião para lançar os balões á partir da ilha japonesa de Honshu na costa leste japonesa. Os balões-bomba poderiam viajar 8.000km em apenas três dias, chegando rapidamente à costa americana.


A estrutura do balão-bomba era simples. Um balão de gás hidrogênio (12,8m de diâmetro; 548m³ de volume) equipado com uma mina antipessoal de 15kg munida de dois dispositivos incendiários, quando caía ao chão incendiava tudo num raio de 20m, e assim permanecia por mais uma hora.

Em sua campanha mais séria de ataque aos EUA o Japão lançou mais de 9.000 balões-bomba na esperança de matar pessoas, destruir construções ou deflagar incêndios florestais. Porém dos 9000 lançados apenas 1000 chegaram a solos americanos, e pouco foram os danos causados (somente seis pessoas morreram com os ataques). Vendo que o resultado final foi ínfimo e inexpressivo, o Japão tão logo cessou os ataques. E o resultado final deste ato, você já sabe!



Golfinhos

É isso mesmo meu caro desalentado, golfinhos foram usados pelas forças armadas americanas durante décadas. Apesar de negar o fato fervorosamente, a marinha dos EUA treinou golfinhos para para atuarem em missões kamikaze contra barcos ou submarinos inimigos e diversas outras missões insanas. Há um relato em rádio de 1965 com 60min de duração na qual um comandante ensina detalhadamente como deve-se treinar um golfinho a interceptar mergulhadores inimigos que entravam pela costa do Vietnam. Os golfinhos treinados avançavam até os mergulhados e os atacavam em bando, tirando fora suas máscaras e equipamentos de mergulho.

Há algum tempo a BBC relatou que a Rússia vendeu seus golfinhos militares para o Irã, a serem usados na guerra do golfo, vai saber como foi que o Irã usou estes golfinhos né... o que sei é que apesar de haver muita especulação sobre a existência de golfinhos-bomba, muitos destes relatos são documentados e verdadeiros! Uma breve discussão aqui.

Armas Disfarçadas

E não param por aí, há ainda centenas de adaptações de armas brancas e de fogo com a finalidade de surpreender uma vítima potencial e enganar autoridades. Alguns modelos já são bem sabidos tais como lanternas, guarda-chuvas, canetas e câmeras filmadoras. A nova onda agora são celulares calibre 22 que podem dar até quatro disparos (veja aqui). No Rio de Janeiro bandidos têm abordado suas vítimas com um braço engessado com uma arma em cache, passando tranquilamente aos olhos dos policias das redondezas. Recentemente a polícia inglesa lançou um scanner que ‘despe’ qualquer indivíduo que passa por ele, uma forma bastante eficaz de combater este tipo de arma (veja aqui).


Você encontrará um pouco mais sobre armas nestes sites:

Enciclopédia de armas: www.earmi.it/
Para comprar: www.falconarmas.com.br
Informações: www.militarypower.com.br
E mais aqui: www.armaria.com.br